A megatermelétrica Novo Tempo vai se instalar no Porto de Açu, no município de São João da Barra, no Rio de Janeiro. Mas e o que Pernambuco tem a ver com isso? Esse mesmo empreendimento foi anunciado, em julho de 2014, como um grande investimento que viabilizaria o terminal de regaseificação do Porto de Suape, e que seria importante para o Estado ter escala na importação do gás natural.
A térmica teria a capacidade instalada para gerar 1.238 megawatts (MW) e demandaria um investimento de R$ 3,5 bilhões, como divulgado na época do anúncio do empreendimento, em meados de 2014. Para o leitor ter ideia, a hidrelétrica de Sobradinho tem a capacidade instalada de 1,05 mil MW, sendo uma das maiores da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf).
Uma das grandes vantagens desse empreendimento se instalar em Suape seria a importação de uma grande quantidade de Gás Natural Liquefeito (GNL). Isso significa que esse combustível poderia ficar mais barato para outros empreendimentos que precisassem dele. Somente a térmica Novo Tempo consumiria 6 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia.
Até o mês passado, a Companhia Pernambucana de Gás (Copergás) comercializava 1,2 milhão de metros cúbicos de gás diariamente. Inicialmente, a dona da térmica Novo Tempo era o grupo gaúcho Bolognesi. Na semana passada, a termelétrica foi "comprada" pela Gás Natural Açu (GNA), uma subsidiária da empresa Prumo Logística, controlada pela EIG Global Energy Partners, um fundo americano que, no Brasil, atua na área de energia e infraestrutura. O Porto do Açu foi um dos projetos iniciados pelo empresário Eike Batista que ficaram inacabados.
A Prumo Logística comprou o Porto do Açu (de Eike) e fazia parte da estratégia do ancoradouro implantar um hub de gás (para distribuir gás natural em grandes quantidades), segundo a assessoria de imprensa da Prumo. A térmica Novo Tempo foi vendida com os 37 Contratos de Comercialização de Energia no Ambiente Regulado que garantem a venda, quando o empreendimento entrar em operação. Como o sistema elétrico é interligado, do ponto de vista empresarial, não faz diferença a produção ocorrer em Pernambuco ou no Rio.
O Grupo Bolognesi chegou a comprar um terreno por R$ 11,9 milhões no Porto de Suape para instalar a térmica. A venda foi publicada no Diário Oficial de Pernambuco no dia 15 de julho de 2014. A reportagem do JC entrou em contato, por telefone, com o Grupo Bolognesi, que não retornou.
A Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sdec) informa que a alteração nos planos do Grupo Bolognesi não causará impactos relevantes no processo de implementação de uma unidade de regaseificação de Gás Natural Liquefeito (GNL) no Complexo Industrial Portuário de Suape. Desde o fim de 2015, a Bolognesi, então detentora do contrato para instalação da termelétrica, deixou de manifestar interesse em trazê-la para o Estado.
Outros grandes grupos, como Gasen e Pátria, entraram no páreo e, com a previsão de novos leilões de energia elétrica ainda este ano, sinalizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a construção de uma termelétrica continuará na pauta do Governo de Pernambuco. A substituição das empresas não deverá trazer prejuízos financeiros nem para Suape e nem para o Estado.
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